domingo, 31 de maio de 2020

.Emotion Sickness.

Ouço o tropeço de uma adolescência que fôra tardia.
Sinto o fétido cigarro a queimar o lábio desprovido de maturidade.
Naqueles tempos me acolhia na juventude alheia porque o abismo da idade me trouxera medo.
As cias que condiziam á minha idade já se entrelaçavam com suas devidas imersões pseudo adultas.
E eu em completa redenção á fantasia de ser ninguém.
Uma corda não fôra o suficiente,da janela a altura me fizera recuar,a polícia veio,o circo foi montado.
No quarto onde fugi do futuro,deslumbrava-me diante olhares perdidos de suicidas cultuados.
O excesso de fármacos eram guardados em um armário pequeno no corredor daquele apartamento onde morri todos os dias.
Tais esses eram o existir cotidiano da senhora minha mãe.
Desprovida de humanidade,se afogava na vida de uma mulher vendida pelo própio pai.
O silêncio escandaloso daquelas vidas obrigadas a conviver em tom de parentesco sufocava até mesmo os pesadelos mais sombrios.
O tempo percorrera a rasgar-me por dentro.
Tornei-me o tipo de ser humano que nunca se ergue.
...mesmo porque o que é o respirar senão a lembrança de si mesmo em eterna queda?

quinta-feira, 14 de maio de 2020

.O vento ameno da poesia.

Sonoridades a beirar o grotesco são poemas que respiro fragmentando ternuras ociosas ao percorrer dos dias.
Poemas tais que são como poeira do tempo e alma esquecida pelo repousante abandono que flui como promessa aprisionada em sonhos hediondos.
Imersão imprecisa de um viver disfarçado de intensidade.
Música cotidiana a entardecer ruídos.
Que existir é este? Tão entregue ás profundidades do desassossego.
Dança disforme.
Sono insone.
Explosão silente e verso inquieto.
Êxtase contido,onde foi parar o sorrir dos instantes?

terça-feira, 21 de abril de 2020

.Esta renúncia.

O entrelaçar da noite despertara escândalos que em pleno silêncio abraçam sentidos sem pudor.
Esse introduzir do teu corpo ao meu ecoou vozes contidas no expressar vazio de nós mesmas,chamas acesas de um fogo a espreitar nuances de um desejo tão imprópio que nem em sonho se permite tanto delírio.
O entrelaçar da noite trouxera o vislumbre imerso da melancolia que goza infeliz vontades pelo arrepio da pele faminta de ti.
O entrelaçar da noite se calou quando o respirar se permitiu existir.
O entrelaçar da noite...
acumulou-se nas canções esquecidas pelo tempo que repousante proclamara inexistência agradável e suor absorto em contentamento inerte.

domingo, 19 de abril de 2020

.

...e acariciou o própio corpo á beira do precipício da memória.

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.Um remorso implícito no respirar.

Desperto a dialogar vazios.
Na manhã que surge amarga dos lábios tão seus encontro-me nos velhos resquícios do sufocante respirar.
Na manhã em que canções fragmentam o existir,permito-me vínculo imerso no abandono.
O abraço efêmero do "sentir" segura o cigarro fétido na mão que um dia fôra toque sutil.
Na outra mão que um dia fôra promessa e hoje sustenta o Black label esquecido na história abreviada,um lapso de mim mergulha em sutil tormento.
Desperto a dialogar tempestades.
Encontro-me na fuga.
Adormeço sem nunca ter tido sono.
Entorpecida diante o piano,notas que habitam delírios.
Na manhã a dialogar ruídos...
sou sombra.
sou canto mudo e verso finito.
Poema inquieto.
Morte viva.